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Imagine uma sala de aula repleta de alunos em processo de alfabetização. No início da aula, o professor escreve no quadro negro a frase ‘Eva viu a uva’ e pede que os alunos a repitam. A ideia, explica o professor, é que a repetição do som do ‘ve’ na frase ajude os estudantes a associarem esse som com o símbolo usado no alfabeto latino para representá-lo, no caso, a letra V. Simples não? Mas será que a repetição de frases descontextualizadas é suficiente para, além de alfabetizar, iniciar o processo de formação de indivíduos críticos e pensantes, que, ao fim e ao cabo, é o objetivo último da educação?
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França, 1871. “A Comuna foi formada por conselheiros municipais, eleitos por sufrágio universal nos vários bairros da cidade, responsáveis e revogáveis em qualquer momento. A maioria dos seus membros eram naturalmente operários ou representantes reconhecidos da classe operária. A Comuna havia de ser não um corpo parlamentar, mas operante, executivo e legislativo ao mesmo tempo. (...) As funções públicas deixaram de ser a propriedade privada dos testas-de-ferro do governo central”.
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Ao ver o nome do verbete que dá origem a esta matéria, você deve estar pensando que se trata de mais uma receita para a formação de trabalhadores multifacetados, com diversas habilidades, que dominem diferentes técnicas e respondam a vários estímulos ao mesmo tempo. Em resumo, aquele sujeito que o mercado de trabalho atual diz que precisa: flexível, empreendedor e com capacidade de adaptação. Quer um conselho para recomeçar a ler este texto? Esqueça toda essa conversa e volte a se situar no contexto do SUS com seus princípios, diretrizes e projeto de sociedade.
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Nosso sistema político, o presidencialismo, concede relativa liberdade de atuação a um presidente da República, que tem competências exclusivas definidas na Constituição. Para além delas, é preciso ter apoio do Congresso Nacional. Mas as regras do jogo político republicano não são os únicos parâmetros para definir a margem de manobra que um presidente tem para desempenhar suas funções em uma democracia contemporânea.
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As palavras profissão e ocupação têm diferentes significados? Para Marise Ramos, pesquisadora da área de Trabalho e Educação e coordenadora da pós-graduação em Educação Profissional em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), o conceito de profissão se desdobra nas dimensões sociológica, ético-política, psicológica, pedagógica e econômica. Segundo ela, a dimensão sociológica se remete à ideia de que determinado conjunto de atividades tem utilidade social.
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Bananas jogadas em campos de futebol e jogadores xingados de macacos ganharam destaque no noticiário recente, inspiraram campanhas e geraram muita polêmica. E tudo isso acontecia ao mesmo tempo em que a morte de moradores de comunidades pobres em confronto entre polícia e traficantes, seguida de protestos com desfechos violentos, principalmente no Rio de Janeiro, também ocupava espaço em todos os jornais. Pela cobertura que a maioria dos meios de comunicação fez de todos esses episódios, a única coincidência entre eles é temporal. Mas as pesquisas e indicadores sociais mostram que existe outro ponto em comum, que praticamente não foi destacado: nos dois casos, a cor da pele interfere diretamente na condição das vítimas.
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Conceito criado no contexto do movimento negro norte-americano, o racismo ambiental não se restringe ao ‘onde’ os empreendimentos que mais poluem e degradam são instalados, mas também ao ‘como’ eles operam.
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É provável que você já tenha ouvido a expressão ‘responsabilidade social’. Nos últimos anos, ela tornou-se quase um mantra entre as empresas preocupadas em passar para seus públicos a imagem de que estão ‘antenadas’ e de que se preocupam com as mazelas do mundo. Uma busca pelos sites de algumas das maiores transnacionais do mundo permite constatar que são raríssimas as empresas que não possuem uma seção especial voltada para o tema. E nem é preciso ser uma grande empresa para adotar o tal “comportamento socialmente responsável” pregado pelo Instituto Ethos. Não é difícil, por exemplo, encontrar adesivos com os dizeres “Estabelecimento socialmente responsável: não vendemos bebidas para menores de 18 anos” espalhados por bares de grandes cidades brasileiras.
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No dia-a-dia, elas são tidas quase como sinônimos. Mas, dependendo de qual expressão use, você pode estar se posicionando de um lado ou de outro de uma longa discussão que já dura 30 anos. Saúde Pública ou Saúde Coletiva? Os debates mostram que as diferenças vão além do adjetivo.
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“Seja solidário”. Pense em quantas vezes você já não escutou algo do tipo. Muitas não? Exemplos não faltam: é só começar a fazer frio que surgem campanhas chamando atenção para a importância da solidariedade por meio de ações de distribuição de roupas e cobertores para os carentes; em dezembro, época de Natal, a solidariedade prega que nos lembremos daqueles que não têm ceia nem brinquedos. Hoje a solidariedade é uma noção que é citada frequentemente em programas assistenciais do governo, por empresas com “responsabilidade social”, organizações não governamentais (ONGs), entidades religiosas, partidos, sindicatos e que está presente também na concepção de políticas orientadas pela lógica do interesse coletivo, como o SUS, que é estruturado a partir de recursos arrecadados de todos os brasileiros, desde os que precisam utilizar frequentemente os serviços até os que necessitam deles com menor frequência. Mas estarão todos falando da mesma coisa?